Março de 2009 por Will Lukazi

''Já fui Caminho, já fui Paisagem e hoje eu sou Destino ''

Post 0063

domingo, 19 de dezembro de 2010.



ORIGINAL


Minha mãe bem que tentou, mas não obteve êxito. Permaneci na cobertura lá de casa por mais um tempo. Não era do bife maravilhoso que ela sempre fazia que eu tinha fome naquele momento. Definitivamente eu não queria jantar. Minha mãe ainda me chamaria outras e outras vezes, eu sabia disso, contudo eu não ouviria mais nada a partir daquele instante. Eu só queria ficar sozinho. Eu precisava daquilo.Eu precisava entrar em transe por alguns incontáveis minutos. Meu olhar navegava pelas luzes longínquas da cidade. Um Homem quando é feito de pedaços de passado fica, vez ou outra, preso por lá. Tirei do bolso uma canção antiga que eu havia feito.Achei-a dentro de velhos cadernos de páginas amarelas. No cabeçalho uma data : 02/01/2001.A letra falava de amizade e sobre ser livre pelo menos para decidir sair correndo debaixo de chuva até não encontrar um abrigo. Me lembrei até do ritmo em que eu a cantava, apesar dos quase 10 anos que já se passaram.Um nó passeou pela minha garganta. Eu tinha feito a letra para uma velha amiga, uma menina de ouro. Uma amiga que sempre ria dos meus dedos tortos da mão, apesar desses mesmos dedos sempre digitarem um ou outro trabalho escolar para a pestinha. Tinha um sorriso imenso e uma alegria que iluminava a todos de bons fluidos. Simpática, simples e muito educada era impossível não se apaixonar pelo seu espírito.Certa vez mostrei a canção a ela,aí ela me disse que para retribuir iria estudar Fisioterapia e resolveria o problema dos meus dedos e demos boas gargalhadas juntos. Morreu aos 15 anos num acidente de automóvel. Junto com ela morreu também parte do meu encanto sobre as coisas. Minha vontade foi de vomitar neste Mundo de merda, onde as pessoas que amamos se vão, mais dias ou menos dias. Não olhei para o céu naquele minuto. Era outro o meu sentimento. Senti alguém puxar minha camisa por trás: era minha mãe.Eu não havia notado a sua aproximação.Eu não notaria nem um terremoto.Assustada me perguntou se estava tudo bem comigo. Eu disse que não, embora não precisasse se preocupar. Ela então olhou no fundo de meus olhos de chuva, em seguida olhou para o papel que eu segurava com força em ambas as mãos.Não perguntou mais nada.Parecia que ela havia entendido o que havia acontecido ali. Apenas desceu as escadas em silêncio.Há anos ela não via o filho dela chorar. E eu há anos não sabia que ainda tinha esse dom.Obrigado, minha amiga !

11 Comentários:

Valéria lima disse...

Prazer Will,
Que história encantadora, triste e emocionante. Os homens choram, porque não?

BeijooO*

Ju Fuzetto disse...

Oie! Obrigada Will, pelo carinho lá no meu cantinho, então não tenho nenhum livro publicado, ainda. Pretendo sim publicar... não sei quando, talvez na hora certa rs!

Adorei teu espaço. Seu texto retrata sonhos que se foram junto com a dor acumulada no peito. Quando alguém se vai, algo em nós vai junto, essa lágrima não planejada vem feito chuva de verão pra aliviar...

Um beijo

Tati Lemos disse...

ai Will, quanta coisa bonita e emocionante por aqui.

abraço meu

Unknown disse...

Você me conduziu silenciosamente para o meio da estória. Envolvente, apaixonante, tensa. Tbm fiquei com um nó na garganta ao final da leitura. Muito boa postagem.

Thaise Moraes disse...

Oi Will adorei a visita lá na minha alma. Tenho me emocionado por aqui, escreve coisas lindas. Um abraço!

Thaise Moraes disse...

Oi Will adorei a visita lá na minha alma. Tenho me emocionado por aqui, escreve coisas lindas. Um abraço!

Meus momentos, minhas histórias. disse...

Olá Will.. Quero primeiramente agradecer sua visita e seus comentários ao meu blog. Fico muito feliz! Sobre seu post.. Eu me emocionei aqui. Isso sim! Uma história encantadora.. Meus olhos encheram de água. Parabéns! Beijos..

Van disse...

Will querido ! Estamos falando exatamente da mesma coisa mas de modos distintos...A sua dor é de alguém que já foi e não volta mais, a minha é das pessoas que se vão pelas circunstâncias da vida e que, de certa forma não voltam mais, apenas esporadicamente. Essa dor de deixar , de separar, de partir é insana e nos derruba. Mas é preciso seguir , outras pessoas virão e nos mostrarão a vida também, assim é a magia ! Adorei sua visita ao Blog, apareça sempre, porque estou sempre aqui te visitando. Beijuuuussss

Nicole Freixo disse...

que lindo e que doloroso ao mesmo tempo.
foi um texto bom de ler, desde a primeira linha me prendeu.
tão doce, tão sincero.
te sigo :*

Borboleta no Casulo disse...

Feliz natal querido!!
Muita luz, paz e alegria sempre!!
BJs

Tammy Diktiva disse...

Suas palavras me fazem sentir o que você sente e eu acho isso um dom maravilhoso. Que triste Will, realmente seria bom se pudéssemos ter pra sempre nossos queridos junto ao peito. Mas espíritos que se amam não se separam, há muita coisa além e o Universo por mais perverso que pareça as vezes, sempre gira da maneira certa. Muita paz pro seu coração meu bem.

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