Post 128

 ...e é nessa hora todos os dias é que meus velhos-amigos-velhos me visitam e com eles eu converso, ora com um, ora com outro. Com um copo de café na mão, sorvo aos poucos o que me é líquido, observando apreensivo a madrugada se rasgar ao meio me entregando as primeiras horas de mais um dia de vida. No horizonte vejo uma fagulha de sol se transformar em uma saudade flutuante, um filme bom que sempre assisto em minha mente sob o barulho de minha respiração entregue de forma gratuita. Meus amigos imaginários feitos de passado se desmancham e só ficam comigo nos primeiros trinta minutos. Tempo suficiente para que os raios solares me inundem e me tragam à tona a realidade, onde não mais os vejo, onde nem mesmo a válvula de escape de alucinações consegue desenhá-los por mais um tempo aqui comigo. Meus amigos se vão mais uma vez. Sou o único que fico. Em meus lábios um sorriso bobo que parece me dizer que minha sanidade já não tem mais juízo.


Será que tenho alguma chance de algum anjo ceder-me  a imortalidade, nem que seja por alguns minutos? 
Só assim eu não chegarei tarde a tudo o que eu procuro encontrar mais cedo.